Sanepar faz apelo sobre o descarte desse resíduo, que pode ser ingerido por animais marinhos
O cigarro está entre os maiores poluidores de ambiente também no litoral. Em apenas dois dias de coleta, a equipe da Sanepar que realiza a limpeza nesta temporada de verão acumulou cerca de 5 mil bitucas. Em média, cada fumante descarta cerca de 10 cigarros por dia.
O volume preocupa porque o tempo de decomposição de uma bituca de cigarro descartada incorretamente pode chegar a cinco anos, sem contar o fato de que ela contém mais de 4,7 mil substâncias tóxicas, o que prejudica o solo, contamina rios e córregos. Essa relativa demora na decomposição se deve ao fato de que 95% dos filtros de cigarros são compostos de acetato de celulose, de difícil degradação e que, se chegarem ao mar, podem ser ingeridos pelos animais marinhos.
Um agravante nesse risco é que os pedaços de cigarro encontrados na areia não são apenas os deixados pelos banhistas, mas também aqueles jogados em outros lugares. “O mar traz para a areia também as bitucas descartadas nas cidades, nos bueiros, nas ruas. Isso acaba indo parar em rios e córregos e a maré traz até a areia. O impacto é grande e passa despercebido”, explica o diretor de Meio Ambiente e Ação Social da Sanepar, Julio Gonchorosky.
A preocupação da Sanepar é a mesma da Ocean Conservancy. Criada em 1972, a organização desenvolve soluções para um oceano saudável e realiza ações de limpeza de mares em todo o mundo. Por 32 anos consecutivos, as bitucas de cigarro foram o item mais encontrado por seus voluntários nas praias, somando mais de 60 milhões de unidades.
Cerca de 120 trabalhadores atuam na limpeza da orla de Guaratuba, Matinhos e Pontal do Paraná desde 24 de dezembro de 2020. O serviço é realizado em 48 quilômetros lineares de areia e vai até o próximo domingo (28). O saldo de resíduos retirados da orla das praias do Paraná até a primeira quinzena de fevereiro já estava próximo de 700 toneladas.