O cruzamento das ruas Francisco Derosso e Pioneiros, no bairro Alto Boqueirão, ganhou semáforo para a travessia de cegos, ou seja, agora os semáforos permitem a travessia da rua orientada por sinais sonoros.
O equipamento instalado é um conjunto de oito botoeiras (duas para cada esquina) com informações em braile. O acionamento do botão faz com que sinais sonoros sejam emitidos ao abrir o tempo de travessia para pedestres e quando ele chega ao fim. Outros 20 pontos da cidade contam com semáforos semelhantes.
Os equipamentos do Alto Boqueirão foram instalados por técnicos da Superintendência de Trânsito (Setran) na última semana e atendem a uma solicitação feita pela população no programa Fala Curitiba.
Moradores da região, o casal de músicos cegos Taís e Aldrin de Lima passa todos os dias pelo cruzamento e comemora a novidade. Bastante movimentado, o local já tinha semáforos, mas eles regulavam apenas o tempo de parada para os veículos, o que dificultava o deslocamento.
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Esse era o motivo da insatisfação do casal que foi levado em maio do ano passado a uma das reuniões do programa Fala Curitiba pela mãe de Taís, Aparecida Marta Vieira Penner.
“Está tudo se encaminhando tão rápido que a gente nem acredita. Falando baixinho, conseguimos ser ouvidos. Sabemos como isso vai melhorar o trânsito para quem é pedestre no lugar onde vivemos”, avalia Taís, que chegou a publicar um vídeo nas redes sociais sobre o problema.
“Por causa da importância social da demanda, ela se tornou prioridade”, explica o administrador regional Ricardo Dias, que acompanhou o processo de implantação e apoiou a demanda apresentada.
Mãe de uma menina de 4 anos que estuda no CMEI (Centro Municipal de Educação Infantil) Tiradentes, Taís resume o que era atravessar a rua, duas vezes por dia, para levar e buscar a filha. A escolinha fica do outro lado da Rua Pioneiros, em uma via paralela. “O jeito era se guiar pelo barulho de aproximação ou afastamento dos carros e só então atravessar. Com o equipamento, vamos cruzar a rua no mesmo lugar, só que com segurança e tranquilidade”, compara.
Como funciona
Segundo o diretor de Planejamento e Operação de Trânsito da Setran, Pedro Darci da Silva Junior, enquanto não houver condições para a travessia, o novo equipamento para de emitir sons até que o semáforo esteja vermelho para os carros.
Moradora da região desde os 7 anos e cega desde os 21, Taís acredita que a adaptação do semáforo vai ajudar muitas pessoas.
“Conheço três pessoas com problemas de visão perto de onde moro, além de uma avó que enxerga pouco e vai buscar a neta na creche todos os dias”, argumenta Taís, sem esquecer do público com restrições para se locomover – como cadeirantes e idosos.
De acordo com a Administração Regional, o cruzamento passou por algumas intervenções antes de o equipamento ser instalado. Houve adequação geométrica para garantir a acessibilidade dos pedestres com necessidades especiais permanentes ou transitórias, revitalização das calçadas próximas, pintura de faixas para travessia e execução de guias rebaixadas (semelhantes a rampas). O Distrito de Manutenção Urbana da regional foi o responsável pelas intervenções.